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Chapter 37 - Vozes do Selo Quebrado

A batalha contra o Vigília Ancestral prosseguia com uma intensidade que fazia tremer até a própria estrutura da cripta submersa. Golpes elementais cortavam a escuridão, iluminando por breves instantes os rostos esculpidos nas colunas antigas, que pareciam observar o combate com olhos julgadores.

Rhogar rugiu, invocando um martelo etéreo que chocou-se contra a carapaça espectral da criatura. Elarin sustentava os escudos arcanos, drenando a energia ambiente para manter o grupo protegido. Lior movia-se como um fantasma entre sombras, seus golpes precisos cortando as emanações de essência que a criatura usava como tentáculos.

James, porém, estava parado. O Coração pulsava em descompasso com seu corpo. Ele não conseguia mais distinguir onde terminava sua própria magia e começava o poder herdado — o que ainda era dele, e o que já era do Círculo Proibido.

A criatura se voltou para ele, e, naquele momento, James entendeu que os outros eram distrações. O Vigília queria a mesma coisa que todos queriam: o Coração.

— "Prove que é digno de carregar o selo esquecido," — disse a voz dentro da mente dele, tão antiga que parecia vir do próprio tempo.

O selo cravado no peito de James brilhou. Sua visão foi puxada para dentro de si mesmo, como se tivesse mergulhado além da carne. Ele viu símbolos — círculos entrelaçados, torres desfeitas, e uma figura de olhos sem pupilas o fitando entre os véus de memória.

— "Você não foi o primeiro, James Hunter. E não será o último."

Ele lutou para se libertar da visão, e quando voltou ao presente, o Vigília havia se fragmentado em múltiplas cópias espectrais.

— "Ele se dividiu!" — gritou Elarin. — "Não podemos conter todos por muito tempo!"

James inspirou profundamente, o peito ardendo.

— "Então não contenham."

Ele ergueu as mãos. As chamas negras do Coração de Myrkanis envolveram seus braços como serpentes incandescentes. Um círculo de magia ancestral se formou aos seus pés — não era um feitiço que aprendera, mas algo que o Coração sussurrara durante a visão.

Com um grito primal, James canalizou o selo e a própria essência do Coração em um único comando:

— "Volte ao que nunca deveria ter despertado!"

O feitiço explodiu como uma onda de vazio. As cópias do Vigília gritaram em silêncio antes de serem dissolvidas. A entidade original vacilou, encolhendo-se, tentando resistir, mas a presença do Coração era maior… mais antiga que ela.

Num clarão cego e surdo, a serpente adormeceu novamente sob pedra.

Silêncio. Apenas o som da água escorrendo pelas paredes.

Rhogar se aproximou, ofegante.

— "O que... foi isso?"

— "Uma chave," disse James. — "Mas para que porta... ainda não sei."

Enquanto deixavam a cripta, o selo no peito de James estava mais visível que nunca — brilhando com uma luz azul-escura, pulsante.

E acima deles, nas torres de Vandhros, alguém observava a essência se agitar.

Alguém que já havia visto aquele selo antes.

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