O chamado chegou ao amanhecer, em um pergaminho selado com o símbolo dos Supervisores da Torre de Essência — o olho espiralado em tom de ônix. James o recebeu das mãos de Kaelya, que, pela primeira vez, não leu seu conteúdo antes.
— "Missão externa. É raro receberem uma antes de concluírem os Três Testes."
— "Alguém quer me afastar da Torre?"
— "Ou ver do que você é feito sem as proteções daqui. A boa notícia é que você não vai sozinho."
Rhogar, Elarin e o novo membro da equipe, Lior, um caçador arcano de poucas palavras e olhos felinos, já aguardavam na sala de saída.
O destino? As ruínas submersas de Vareth Tal'Naur, uma antiga cripta élfica onde fluxos de essência residual estavam se intensificando de forma anormal. Oficialmente, a missão era de reconhecimento e coleta de fragmentos para estudo. Extraoficialmente… James sabia que estava sendo observado.
A travessia até o local levou dois dias. Montaram acampamento às margens do lago que guardava a entrada da cripta. À noite, enquanto os outros dormiam, James caminhou até a beira d'água. As águas estavam imóveis, escuras como espelhos de tinta.
Eram as mesmas águas que ele vira nas visões do segundo teste — onde não havia reflexo. Um presságio?
— "Está inquieto." — Rhogar apareceu ao seu lado.
— "Essa missão não é só sobre magia antiga. Eles querem me avaliar. Ou me eliminar."
Rhogar assentiu.
— "Não negaria. Mas não foi o Conselho que te enviou… foi um grupo menor. Nem todos confiam em ti, mas nem todos te temem. Ainda."
Na manhã seguinte, entraram na cripta submersa, protegidos por magias de respiração arcana. A descida foi silenciosa, os ecos distorcidos da água preenchendo os túneis afogados.
Lá dentro, colunas elípticas formavam um corredor antigo, esculpido com rostos de elfos esquecidos. Havia inscrições sobre selos proibidos — e, no fim do salão, uma serpente esculpida em obsidiana negra com olhos rubros, entreaberta como se prestes a sussurrar.
Lior se aproximou para tocar a estrutura — e então parou.
— "Tem algo errado. Está viva."
No instante seguinte, o chão tremeu. Da boca da serpente, jorrou uma torrente de água enegrecida, seguida por um rugido etéreo.
Não era uma serpente.
Era um Vigília Ancestral, um guardião dos selos, moldado por espírito e sombra. E não estava ali por acaso.
— "Eles sabiam!" — gritou Elarin, conjurando uma barreira de luz.
James sentiu o Coração pulsar com força, respondendo à presença da entidade. A criatura sabia quem ele era.
E ela falava.
— "Herdeiro do Círculo Proibido… sua presença é o prelúdio da quebra."
O combate começou — brutal, quase mítico. E, entre golpes e feitiços, James percebeu: aquilo era mais que uma armadilha. Era uma mensagem.
E alguém dentro da Torre… queria que ele não voltasse para decifrá-la.