Cherreads

Chapter 29 - A Mão que se Estende na Névoa

A noite desceu sobre a Torre de Essência com uma estranha quietude. Mesmo os ventos que geralmente sussurravam pelos vitrais encantados pareciam contidos, como se o próprio ar aguardasse algo. James, ainda marcado pelas visões do segundo teste, permanecia desperto em seu alojamento, os olhos fixos na parede de pedra esculpida. A água da câmara submersa ainda dançava em sua mente — e o reflexo ausente no espelho de bronze parecia zombar dele.

Um som seco.

Três batidas, suaves, na madeira da porta.

James levantou-se cauteloso. Quando abriu, nada viu além da névoa densa que havia se formado nos corredores da torre — uma névoa que não deveria estar ali. O encantamento climático da Torre de Essência impedia fenômenos naturais de invadirem os corredores internos. Aquilo era magia… e não era sutil.

Deu um passo hesitante para fora. A névoa parecia viva, serpenteando ao redor de seus tornozelos. Então, uma voz:

— "Você se ergue rápido demais, James Hunter. Hora de lembrar quem pisa no chão… e quem rasteja."

Antes que pudesse reagir, um impacto. Algo o atingiu nas costelas, jogando-o contra a parede. A névoa se adensou ao redor de três figuras encapuzadas — rostos ocultos, mãos envoltas em brasões queimados da Guilda Vermelha. Magia sussurrada preenchia o ar, e estilhaços de gelo foram lançados em sua direção.

James rolou para o lado, sentindo o Coração pulsar em seu peito, reagindo ao perigo. Uma rajada de vento dispersou parte da névoa, mas ele estava acuado — enfraquecido ainda pela prova anterior, e sem tempo para reunir sua energia por completo.

— "Acha que vai sair da Torre como herói, caipira? Você não pertence a esse lugar. E vamos garantir isso."

Um segundo ataque — dessa vez, correntes de terra para prendê-lo. James se concentrou, invocando fogo negro nos dedos, mas antes que pudesse liberar, uma explosão de luz percorreu o corredor. As figuras recuaram, cegadas pela intensa luz que os atingira.

Do meio da névoa, uma silhueta surgiu. Uma figura magra, elegante, de cabelos dourados e olhos cor de âmbar: Sir Elric Thandros, o mais jovem Arcanista Ascendente da torre, conhecido por sua arrogância e por raramente se envolver em assuntos de aprendizes.

— "Isso é vergonhoso até para covardes." A voz dele cortou o ar como uma lâmina.

Com um gesto, conjurou uma barreira luminosa que afastou os agressores. A névoa dissipou-se quase de imediato, como se obedecesse a sua presença. Os encapuzados fugiram, desaparecendo pelos corredores laterais antes que qualquer retaliação os alcançasse.

James caiu de joelhos, ofegante, os braços ardendo de esforço. Elric o observava em silêncio, os olhos frios.

— "Você faz mais barulho do que deveria, Hunter. Isso atrai… predadores."

James ergueu o rosto, confuso.

— "Por que… me ajudou?"

Elric deu um leve sorriso — e foi a primeira vez que James viu algo além de superioridade nele.

— "Porque… talvez você cause a destruição da Torre. E eu gostaria de estar por perto quando isso acontecer."

Sem mais uma palavra, o jovem arcanista virou-se e desapareceu corredor adentro.

James ficou ali, o coração martelando em seu peito, as palavras ecoando como uma profecia velada.

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