A noite desceu sobre a Torre de Essência com uma estranha quietude. Mesmo os ventos que geralmente sussurravam pelos vitrais encantados pareciam contidos, como se o próprio ar aguardasse algo. James, ainda marcado pelas visões do segundo teste, permanecia desperto em seu alojamento, os olhos fixos na parede de pedra esculpida. A água da câmara submersa ainda dançava em sua mente — e o reflexo ausente no espelho de bronze parecia zombar dele.
Um som seco.
Três batidas, suaves, na madeira da porta.
James levantou-se cauteloso. Quando abriu, nada viu além da névoa densa que havia se formado nos corredores da torre — uma névoa que não deveria estar ali. O encantamento climático da Torre de Essência impedia fenômenos naturais de invadirem os corredores internos. Aquilo era magia… e não era sutil.
Deu um passo hesitante para fora. A névoa parecia viva, serpenteando ao redor de seus tornozelos. Então, uma voz:
— "Você se ergue rápido demais, James Hunter. Hora de lembrar quem pisa no chão… e quem rasteja."
Antes que pudesse reagir, um impacto. Algo o atingiu nas costelas, jogando-o contra a parede. A névoa se adensou ao redor de três figuras encapuzadas — rostos ocultos, mãos envoltas em brasões queimados da Guilda Vermelha. Magia sussurrada preenchia o ar, e estilhaços de gelo foram lançados em sua direção.
James rolou para o lado, sentindo o Coração pulsar em seu peito, reagindo ao perigo. Uma rajada de vento dispersou parte da névoa, mas ele estava acuado — enfraquecido ainda pela prova anterior, e sem tempo para reunir sua energia por completo.
— "Acha que vai sair da Torre como herói, caipira? Você não pertence a esse lugar. E vamos garantir isso."
Um segundo ataque — dessa vez, correntes de terra para prendê-lo. James se concentrou, invocando fogo negro nos dedos, mas antes que pudesse liberar, uma explosão de luz percorreu o corredor. As figuras recuaram, cegadas pela intensa luz que os atingira.
Do meio da névoa, uma silhueta surgiu. Uma figura magra, elegante, de cabelos dourados e olhos cor de âmbar: Sir Elric Thandros, o mais jovem Arcanista Ascendente da torre, conhecido por sua arrogância e por raramente se envolver em assuntos de aprendizes.
— "Isso é vergonhoso até para covardes." A voz dele cortou o ar como uma lâmina.
Com um gesto, conjurou uma barreira luminosa que afastou os agressores. A névoa dissipou-se quase de imediato, como se obedecesse a sua presença. Os encapuzados fugiram, desaparecendo pelos corredores laterais antes que qualquer retaliação os alcançasse.
James caiu de joelhos, ofegante, os braços ardendo de esforço. Elric o observava em silêncio, os olhos frios.
— "Você faz mais barulho do que deveria, Hunter. Isso atrai… predadores."
James ergueu o rosto, confuso.
— "Por que… me ajudou?"
Elric deu um leve sorriso — e foi a primeira vez que James viu algo além de superioridade nele.
— "Porque… talvez você cause a destruição da Torre. E eu gostaria de estar por perto quando isso acontecer."
Sem mais uma palavra, o jovem arcanista virou-se e desapareceu corredor adentro.
James ficou ali, o coração martelando em seu peito, as palavras ecoando como uma profecia velada.