Cherreads

Chapter 2 - Capítulo 2: A Amálgama e a Fortuna Inesperada

A vertigem do portal me cuspiu sem cerimônia sobre o que parecia ser um beco úmido, o cheiro de lixo e algo que lembrava incenso velho agredindo minhas narinas. Gemi, sentindo cada osso do meu corpo protestar contra a aterrissagem forçada. Quando consegui me erguer, a cena à minha frente desafiou qualquer lógica que eu ainda pudesse ter.

Eu estava em uma metrópole. Mas não uma metrópole comum. Arranha-céus de metal e vidro, repletos de telas holográficas e veículos voadores zunindo pelos céus, se erguiam lado a lado com telhados de pagodes adornados com dragões entalhados, lanternas de papel tremeluzindo suavemente e ruas de paralelepípedos onde samurais em armaduras reluzentes e ninjas furtivos com bandanas reconhecíveis se moviam com uma graça letal. Era como se a Neo-Tóquio de Akira tivesse colidido com o Konoha de Naruto, e o resultado fosse uma paisagem urbana que desafiava a compreensão.

O caos visual era apenas o começo. Acima dos telhados antigos, vislumbrei asas emplumadas e brancas de seres que só poderiam ser Anjos, suas auras celestiais piscando em meio à poluição luminosa. Mais abaixo, nas sombras dos edifícios mais góticos, pares de asas negras e demoníacas se agitavam, um lembrete sombrio da presença de Anjos Caídos e Demônios, suas energias opostas quase palpáveis no ar. E, para completar o espetáculo sobrenatural, criaturas com olhos esbugalhados, corpos disformes e auras peculiares — Yo-kai, sem dúvida, saídos diretamente de um bestiário de High School DxD — deslizavam pelas vielas ou observavam curiosos de beirais.

O ruído da cidade era uma cacofonia de sirenes futuristas e o tilintar de espadas em combate. Virei a cabeça, e a alguns quarteirões de distância, a cena que se desenrolava era ainda mais bizarra. Figuras em uniformes coloridos e capas esvoaçantes, algumas exibindo símbolos familiares como um morcego ou um "S" estilizado, outras com trajes que berravam "poderoso!", enfrentavam criaturas grotescas e robôs gigantes. Heróis e vilões. Mas de qual universo? Seria DC, Marvel, ou Boku no Hero? A escala e o estilo eram um amálgama confuso demais para discernir.

E, como se tudo isso não bastasse, um Pikachu amarelo com suas bochechas elétricas saltitava em um telhado de estilo japonês, observando a luta com uma curiosidade quase humana, enquanto um Charizard voava preguiçosamente no céu noturno, sua silhueta se perdendo entre os hologramas.

"Puta que pariu," murmurei, a voz embargada, um misto de fascínio e terror me dominando. Era exatamente como o Mestre da Morfagem havia dito: uma amálgama de universos, uma tapeçaria caótica de tudo o que eu conhecia, e muito mais. "Bem, eu definitivamente preciso de um novo nome. Algo que combine com... isso." Olhei para o céu noturno, onde um Blastoise gigante nadava em um dirigível publicitário. "Sim. A partir de agora, sou Strike."

A primeira onda de pânico, porém, foi bem mais mundana. Meu estômago roncou, um lembrete indelicado das necessidades básicas. "Grana. Eu tenho grana? Ou vou ter que lutar contra um demônio por um pedaço de pão?" O Mestre da Morfagem era um Deus, certo? Ele devia ter pensado nisso. Eu esperava que sim.

Levei a mão ao bolso da calça que eu estava vestindo — roupas que, para minha surpresa, pareciam novas e limpas, um contraste estranho com o beco. Meus dedos tocaram algo duro e liso. Puxei para fora: era um cartão. Não um cartão de crédito comum, mas um cartão preto e elegante, com um símbolo prismático que lembrava vagamente o emblema do Mestre da Morfagem gravado. Não havia nome de banco, nem bandeira, apenas uma pequena inscrição em uma caligrafia desconhecida que parecia brilhar levemente: "Acesso Ilimitado".

Um sorriso lento e descrente se espalhou pelo meu rosto. Dinheiro infinito. Em um banco que só eu podia acessar. Isso era... genial. O Mestre realmente pensou em tudo. Não me preocupar com dinheiro em um mundo como este era um peso gigantesco tirado dos meus ombros. Agora, eu podia focar no que realmente importava: sobreviver, entender onde eu me encaixava nesse caos magnífico, e talvez, apenas talvez, descobrir o que significava ser o novo portador do Master Morpher, ainda que com acesso limitado.

"Certo, Strike," sussurrei para mim mesmo, olhando para o cartão. "Primeiro, uma boa refeição. Depois, o apocalipse."

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