Com meu recém-adquirido centro de comando operando e as primeiras noções deste mundo caótico em minha mente, a solidão do lugar começou a pesar. Um QG é ótimo, mas um QG com suporte é ainda melhor. E para um cara acostumado com a ficção, a figura do "mordomo genial" era quase um requisito. Abri um dos monitores, navegando pelas redes de informação de Neo-Edo, filtrando por "serviços de alta qualificação" ou "assistência pessoal executiva". Eu tinha dinheiro infinito; isso não seria um problema.
Passei por perfis de seguranças cibernéticos com implantes visíveis e chefs-executivos com auras demoníacas sutis. Mas então, um nome em particular saltou à tela: Edmund Blackwood. A foto mostrava um homem de meia-idade, cabelos grisalhos impecavelmente penteados, olhos que pareciam esconder bibliotecas inteiras de conhecimento e uma expressão de estoicismo calmo. A descrição era ainda mais intrigante: "Consultor de logística estratégica, gerenciamento de ativos de alto risco, planejamento tático avançado e discreto, com vasta experiência em manutenção de privacidade e suprimento de informações críticas. Altamente adaptável a ambientes incomuns."
Isso soava como uma mescla perfeita do pragmatismo de Nick Fury, a discrição e lealdade de Alfred, e a capacidade analítica de Jarvis, mas em um pacote humano. Ele era real. Mais real do que eu jamais esperei encontrar. Com meu cartão, agendei uma entrevista para o dia seguinte, garantindo que seria no meu "dojo" recém-materializado, com todas as precauções de segurança ativadas.
Enquanto aguardava a reunião com Edmund, também procurei por uma "equipe de manutenção e limpeza" discreta. Não queria heróis ou demônios varrendo meus aposentos, apenas profissionais eficientes. Encontrei uma pequena empresa especializada em "higiene e organização de propriedades incomuns", que prometia discrição absoluta. Contratei-os com um plano semanal.
Na manhã seguinte, a pontualidade de Edmund Blackwood foi quase perturbadora. Ele apareceu exatamente no minuto combinado, sem um arranhão na roupa, apesar da chuva ácida que caía na cidade. Seus olhos escanearam o dojo com uma eficiência silenciosa, avaliando cada detalhe da segurança e da tecnologia.
"Senhor Strike, uma instalação... impressionante," ele disse, sua voz calma e bem modulada, sem a menor surpresa aparente com a natureza peculiar do lugar. "Gostaria de discutir a natureza de sua proposta."
A entrevista foi menos uma formalidade e mais uma demonstração de suas capacidades. Ele perguntou sobre meus objetivos sem curiosidade excessiva, mas com uma necessidade clara de entender o escopo da "operação". Respondi vagamente sobre "manutenção de ordem em um mundo caótico" e "pesquisa avançada". Ele absorveu tudo, sugerindo imediatamente protocolos de segurança para o centro de comando, rotas de suprimento alternativas e até mesmo um sistema de criptografia para minhas comunicações externas. Era como ter um supercomputador com a paciência de um monge.
"Considero suas qualificações mais do que adequadas, Sr. Blackwood," eu disse, estendendo a mão. "Você está contratado. Seu salário será... considerável, e você terá recursos ilimitados para as suas atribuições."
Um brilho quase imperceptível passou por seus olhos, mas sua postura permaneceu inalterada. "Muito bem, Senhor Strike. Começarei imediatamente com a otimização dos sistemas de defesa e a organização de sua agenda. Há algo mais urgente em que eu possa auxiliar?"
"Sim, há," eu disse, sentindo uma empolgação genuína borbulhar. "Preciso de materiais. Materiais específicos para a construção de um... assistente robótico. Algo sofisticado. E também, preciso que você pesquise sobre a localização de certos minerais e cristais com propriedades energéticas ou místicas incomuns nesta amálgama."
Edmund assentiu, tirando um tablet de um bolso interno de seu paletó e fazendo anotações. "Entendido. A inteligência artificial que deseja criar possui alguma diretriz ou personalidade pré-determinada, Senhor?"
"Sim, Sr. Blackwood. Quero que ele seja... um companheiro. Um analista. Um guardião," eu comecei, pensando nas risadas e na camaradagem que Jarvis proporcionava a Tony Stark, na lealdade de Alfred, e no conhecimento enciclopédico de Fury. "Quero que ele combine o melhor dos mundos da IA e da inteligência humana. Ele será... meu J.A.R.V.I.S., mas talvez com um toque de consciência."
"Uma tarefa ambiciosa, mas fascinante, Senhor," ele respondeu, seus lábios se curvando em algo que se aproximava de um sorriso. "A pesquisa por materiais começará imediatamente. Quanto à equipe de limpeza, eles já estão a caminho. A propósito, gostaria de alguma refeição especial para o jantar? O abastecimento da despensa é minha prioridade imediata, além da segurança."
Enquanto Edmund se afastava para começar suas tarefas, eu me voltei para um dos consoles, puxando diagramas de robótica avançada e, mais importante, revisando os feitiços de Power Rangers Mystic Force. As memórias dos encantamentos de magia elemental e manipulação de energia voltaram, vívidas. Feitiços de aceleração de processos, de infundir energia, talvez até de moldar materiais em um nível fundamental.
Galwit Mysto Aerotan para invocar algo, Galwit Mysto Prifior para proteção, Galwit Neramax Unios para unir elementos. A magia da Morphin Grid, especificamente a magia de Mystic Force, poderia ser a chave para acelerar a construção e, quem sabe, dar uma "alma" ao meu futuro assistente. A parte difícil seria encontrar os componentes exatos. Este mundo era uma mina de ouro de recursos estranhos e maravilhosos, mas encontrá-los seria o primeiro desafio.
"Certo, Strike," pensei. "Com Edmund e a magia, o céu é o limite. Ou, neste caso, os confins deste universo amálgama." O projeto do assistente robótico seria um teste, mas também uma ponte para um futuro onde eu não estaria tão sozinho, e com o suporte que eu sempre sonhei.