O ar ainda tremia levemente com a energia dissipada do Yo-kai, e o cheiro de ozônio e poeira pairava no ar. Eraserhead me olhava, seu semblante sério e inescrutável. Os heróis profissionais não eram acostumados a aparições tão súbitas e eficazes de alguém fora de seus registros.
"Essa tecnologia... essa habilidade. Você não é um Quirk," ele repetiu, sua voz rouca. "O que é você?"
Mantive minha postura, a energia do SPD Morpher ainda vibrando suavemente em meu pulso. A tentação de explicar, de revelar a verdade sobre os Rangers, era forte, mas a lição do Mestre da Morfagem e a vantagem da subestimação eram mais valiosas.
"Você pode me chamar de SPD Ranger Azul," eu respondi, minha voz amplificada pelo capacete, com um tom de finalidade. Minha visão laser do SPD Morpher me permitia ver a curiosidade em seus olhos, mas também o cansaço. Ele tinha lutado sem parar.
Voltei-me para Pedrux, que ainda estava sentado no chão, o olhar dividido entre os destroços de sua invenção e minha figura. Seus olhos brilhantes de cientista maluco pareciam já estar processando a nova fonte de "anomalia" que eu representava.
"Senhor Pedrux," eu disse, projetando minha voz para que soasse clara e autoritária, mas com um toque de respeito pela sua genialidade, por mais caótica que fosse. "Um colega meu irá visitá-lo em breve." Pude quase sentir Edmund já em alerta no comunicador em meu pulso. "Ele tem algumas... questões complexas que só alguém com sua mente pode resolver."
Pedrux piscou, processando a informação. "Um... colega? Que tipo de questões? Envolvem... energia dimensional? Ou talvez a manipulação de partículas subatômicas?" Seus olhos brilharam com a antecipação de um novo quebra-cabeça.
"Digamos que envolvem a estabilização de certas... irregularidades," eu disse, o que não era uma mentira. "Ele garantirá que qualquer incidente indesejável seja... minimizado e controlado. Nada comparado ao que aconteceu aqui hoje, garanto." Adicionei um tom de certeza. Edmund saberia como gerenciar um "gênio" como Pedrux. A capacidade de um cientista excêntrico para causar estragos era superada apenas por sua capacidade de criar soluções geniais.
Eraserhead, ouvindo a conversa, pareceu entender que eu não daria mais respostas diretas. Ele acenou com a cabeça lentamente, seus olhos varrendo a cena, avaliando os danos e os civis que começavam a sair de seus esconderijos.
"Entendido," ele disse, sua voz um pouco menos tensa. "Agradeço a ajuda, SPD Ranger Azul. Estejam onde estiverem, vocês foram eficientes." Havia uma ponta de desconfiança em seu tom, mas também um reconhecimento da minha eficácia.
"O prazer foi meu, Eraserhead," respondi. "Manteremos contato, se necessário."
Era a minha deixa. Não havia necessidade de prolongar a cena. A missão principal — deter a criatura e salvar Pedrux — estava completa. E agora, eu tinha uma potencial nova arma em meu arsenal para futuros projetos: o intelecto caótico de Pedrux.
Pressionei o botão do SPD Morpher, e a luz azul me envolveu novamente, desta vez para me desmorfar. Em um flash, o uniforme desapareceu, e eu estava de volta às minhas roupas civis, o Master Morpher reaparecendo em meu pulso, sua forma original dourada. A surpresa no rosto de Eraserhead foi evidente, embora ele tentasse disfarçar. A súbita desaparição do traje só adicionaria ao mistério.
"Até mais," eu disse, dando um aceno de cabeça. Sem esperar por mais perguntas, me virei e comecei a me afastar, desaparecendo rapidamente na escuridão de uma viela lateral. Eu precisava retornar ao centro de comando e relatar a Edmund. O trabalho para estabilizar este mundo amálgama, e talvez desvendar os segredos restantes da Morphin Grid, estava apenas começando. E agora, eu tinha uma base, um mordomo genial, dinheiro infinito, e a vantagem de ser um poder desconhecido.