Cherreads

Chapter 11 - A Tempestade

Leonard Everhart

Alguns dias se passaram, e o som do metal ecoava no campo de treinamento enquanto eu e Aldrich trocávamos golpes. O sol castigava nossas costas, e o suor escorria pelo meu rosto, pingando no chão seco.

Dia após dia, nos enfrentamos. Dez lutas... Dez derrotas.

Hoje seria diferente.

Minha espada colidiu contra a dele, e o impacto reverberou pelos meus braços, fazendo meus músculos queimarem em protesto. O cansaço estava se acumulando. Cada movimento exigia mais esforço do que deveria, e minha respiração já estava pesada.

Aldrich se movia com precisão, seus golpes fluidos e calculados. Eu, por outro lado, começava a sentir meus reflexos desacelerarem. Meus braços estavam rígidos, e a espada parecia mais pesada a cada ataque.

Ele avançou, girando a lâmina para um golpe horizontal. Levantei minha espada a tempo, mas fui empurrado para trás. Meus pés deslizaram pela terra seca, e minha visão ficou turva por um segundo.

"Você está melhorando, jovem mestre," disse ele, sua voz estável, sem sinais de cansaço. "Mas ainda hesita."

Hesitação. De novo isso.

Mas como eu poderia não hesitar? O cara era um monstro.

Antes que pudesse reagir, Aldrich disparou para o meu lado, o vento envolvendo seu corpo. Ele estava mais rápido.

Droga.

Levantei minha espada de novo, mas tarde demais.

Uma dor aguda percorreu minha lateral quando a lâmina de Aldrich acertou minha guarda aberta. Não foi um golpe letal, mas teria sido se estivéssemos em uma luta real.

A poeira subiu ao meu redor quando caí no chão, arfando.

Levantei-me com dificuldade, engolindo o gosto amargo da derrota iminente.

Eu precisava mudar minha abordagem.

Se Aldrich confiava tanto em sua velocidade, então eu só precisava tirar isso dele.

Toquei o chão com a mão livre, canalizando minha mana.

O solo vibrou. Pequenas colunas de terra se ergueram ao nosso redor, rachaduras se espalharam. O campo de batalha mudou em um instante, tornando-se traiçoeiro para movimentos rápidos.

Aldrich diminuiu o passo, avaliando a mudança.

"Esperto," ele comentou, balançando a cabeça com um meio sorriso. "Mas será que é o suficiente?"

Não respondi.

Apenas ergui minha espada, e dessa vez, chamas envolveram a lâmina. O calor cresceu ao meu redor, e o brilho alaranjado se refletiu nos olhos atentos de Aldrich.

Ele sorriu.

"Isso vai ser interessante."

Ele se lançou para frente de novo, mas dessa vez eu já esperava. Fiz uma finta para a esquerda, mas rapidamente girei para a direita, tentando pegá-lo de surpresa. Minha espada passou perto, e ele teve que recuar às pressas.

Acertei o primeiro golpe.

Não foi perfeito, mas minha lâmina flamejante tocou de leve sua armadura, deixando uma marca escura no metal.

Pressionei o ataque.

Minhas chamas rugiam no ar, forçando-o a se esquivar com mais cautela. Ele já não tinha mais liberdade para deslizar pelo campo como antes.

A primeira vez que vi Aldrich suar, soube que estava funcionando.

Minha respiração estava pesada, meus músculos gritavam, mas eu não podia parar.

Aldrich defendeu um golpe direto e, pela primeira vez, senti seus braços cederem um pouco.

Eu estava conseguindo!

Mas então… ele sorriu.

E eu soube que estava ferrado.

O vento ao redor dele mudou. Antes, era apenas um auxílio sutil em sua velocidade. Agora, era uma tempestade.

O ar se agitou violentamente, levantando poeira e fazendo as chamas da minha lâmina vacilarem. A pressão aumentou.

Meu coração disparou quando o perdi de vista por um segundo.

E então senti.

Uma lâmina fria encostada no lado do meu pescoço.

Eu estava prestes a me virar, mas já era tarde.

Aldrich estava atrás de mim, sua espada pousada gentilmente contra minha pele.

Engoli em seco.

"Fim do jogo," ele disse, calmo como sempre.

Suspirei e abaixei minha lâmina.

"Perdi de novo."

Ele riu, guardando a espada.

"Não se sinta mal. Você me forçou a usar mais do que de costume."

Cruzei os braços, ainda sentindo o peso da derrota.

Mas, ao contrário das outras vezes, não senti frustração.

Dessa vez, senti progresso.

Aldrich relaxou a postura, mas seus olhos ainda avaliavam minha expressão.

"Você aprendeu a controlar melhor sua magia nos últimos dias," ele comentou. "Seu uso da terra foi inteligente, e o fogo… bem, admito que me fez recuar mais do que eu esperava."

Passei a mão pelo rosto, tentando recuperar o fôlego.

"Então por que ainda perdi?"

Ele riu.

"Porque experiência ainda vence talento bruto."

Revirei os olhos.

"Isso foi irritante de ouvir."

Ele deu de ombros. "É a verdade. Mas a questão é: o que você vai fazer com isso?"

Pensei por um momento.

Cada luta que tivemos me ensinou algo novo. Minhas perdas não eram apenas fracassos; eram lições.

Levantei-me, sentindo o corpo dolorido, mas determinado.

"Vamos de novo," declarei.

Aldrich arqueou uma sobrancelha.

"Agora?"

Assenti.

"Não vou parar até vencer."

Ele me estudou por um momento e, então, sorriu de canto.

"É exatamente isso que eu queria ouvir."

E assim, recomeçamos.

Ao final do dia, eu estava caído no chão, totalmente esgotado. Meus braços tremiam, minhas pernas pareciam feitas de chumbo. Minha visão estava embaçada de tanto esforço.

"Chega…" murmurei, arfando.

Aldrich, por outro lado, estava apenas levemente suado.

"Está começando a me acompanhar," ele disse. "Mais algumas semanas e talvez você consiga uma vitória."

"Talvez?" resmunguei.

Ele riu. "Você melhora rápido, mas eu também não fico parado."

Soltei um suspiro longo.

Mesmo perdendo, hoje foi o mais perto que cheguei de uma vitória.

Levantei-me com esforço, sentindo meus músculos protestarem.

"Vou derrotar você," prometi.

Aldrich cruzou os braços, sorrindo.

"Estou esperando, jovem mestre. Não me decepcione." Disse ele, com seu olhar avaliador, mas por trás da postura rígida, percebi algo diferente. Respeito.

Mesmo sendo apenas um aprendiz, ele reconhecia meu esforço.

Meus músculos ainda tremiam, a respiração continuava pesada, mas dentro de mim, uma chama queimava mais forte do que nunca.

Eu sabia que amanhã voltaria a enfrentá-lo.

E no dia seguinte também.

Cada golpe que trocávamos não era apenas treino.

Era um passo a mais no caminho para superá-lo.

E, um dia, eu venceria.

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