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Chapter 57 - A Chave e o Olho

A energia do portal pulsava como um coração de luz viva. James sentia a força bruta atravessar cada fibra de seu ser, reconfigurando não apenas sua essência, mas sua própria compreensão de realidade. O que antes era nebuloso agora se delineava com clareza quase dolorosa. Não era apenas poder... era verdade.

Ele atravessou.

O outro lado não era um lugar. Era uma consciência.

Ele flutuava em um vazio repleto de formas que só podiam ser percebidas com a alma. Fragmentos de memórias alheias, emoções cruas, ecos de vozes nunca ouvidas — tudo ao mesmo tempo. E no centro, uma estrutura: uma chave flutuante forjada em cristal negro, girando lentamente sobre si mesma, como se aguardasse por ele há séculos.

"O que é isso?" — murmurou James, embora soubesse que as palavras eram inúteis ali.

Uma voz — ou talvez a própria Essência — respondeu, sussurrando sem som: "A Chave para o que foi perdido. O que dorme em ti. O que foi selado."

James estendeu a mão.

Assim que tocou a chave, tudo se rompeu.

Um feixe de luz perfurou sua mente, abrindo-se e cicatrizando-as ao mesmo tempo. Ele caiu de joelhos — embora não houvesse chão — enquanto o Olho Interior despertava. Era como ver o mundo virar-se pelo avesso: cada linha mágica, cada fio de emoção, cada intenção oculta tornava-se visível. Era lindo. Assustador. Avassalador.

De volta à torre, os cristais da câmara explodiram em luz. Rhogar observava da varanda do salão superior, o olhar grave.

"Está se abrindo... muito antes do que previmos." — murmurou para si mesmo.

Na sala de conselheiros, uma onda de Essência varreu os corredores, atingindo até mesmo os membros da Ordem Silenciosa. Um deles abriu o punho, irritado.

"O Coração e o Olho... não deveriam se unir."

De volta à câmara, James se erguia, a respiração irregular, os olhos dilatados. Mas havia algo novo neles — uma segunda pupila, etérea, girando como uma espiral viva no centro de seus olhos naturais. O Olho Interior havia se manifestado.

Kaelya chegou à sala segundos depois, em alerta, e subitamente ficou paralisada ao vê-lo.

"James... o que você...?"

"Eu vi." — disse ele antes que ela completasse sua expressão, com a voz rouca, mas firme. — "Vi ​​o que está por trás dos sorrisos, das palavras. Vi o medo que os move... e a esperança que ainda resiste."

"Você despertou..." — murmurou ela, boquiaberta. — "Mas isso muda tudo. Eles virão atrás de você com mais força agora."

James concordou. "Que venham. Pois agora... eu enxergo."

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