A sala de curas da Torre de Essência exalava o aroma pungente de unguentos e sangue fresco. James atravessou o corredor com os punhos cerrados, o coração em disparada. Ao empurrar a porta de madeira entalhada com runas curativas, o cheiro metálico o golpeou como um soco no estômago.
Ali, sobre uma das macas rúnicas, jazia Verran — um dos membros mais leais de seu grupo. A pele do rapaz estava pálida, marcada por arranhões profundos no abdômen. O curandeiro murmurava encantamentos enquanto seus dedos brilhavam com uma luz esverdeada.
Rhogar entrou logo atrás, em silêncio. Kaelya surgiu ao lado oposto, os olhos fixos no ferido.
"Ele foi atacado nos dormitórios?" — perguntou James, a voz carregada de fúria.
"Não." — respondeu Kaelya. — "Foi na biblioteca inferior. Ele saiu à procura de registros sobre o Círculo Proibido... e alguém o seguiu."
James sentiu o estômago revirar. "Ele estava tentando me ajudar."
Rhogar aproximou-se da maca. "A lâmina foi envenenada. Isso não foi um aviso... foi uma execução falha."
"E falhou por pouco." — completou o curandeiro, limpando o suor da testa. — "Se tivesse demorado mais, ele não sobreviveria."
James observou Verran, a respiração fraca e irregular. Aquilo não era apenas uma tentativa de silenciá-lo. Era um recado. A Ordem Silenciosa já agia abertamente dentro das muralhas da torre.
"Isso vai continuar." — murmurou. — "E não vão parar só porque um deles errou o golpe."
Kaelya cruzou os braços, o semblante sombrio. "A torre deveria ser um santuário, mas está apodrecida por dentro. Você precisa entender, James — não é só magia que se move aqui. É poder. E o poder atrai monstros que usam máscaras."
"Então está me dizendo para fugir?"
Ela o encarou por um longo segundo. "Estou dizendo para sobreviver. Há algo mais que precisa ver."
James olhou para Rhogar, que assentiu brevemente.
"Vai com ela." — disse o guerreiro. — "Eu cuidarei de Verran."
Kaelya conduziu James por corredores estreitos até uma ala interditada. Ali, o ar era pesado. Pó acumulado nas tapeçarias e o som abafado de ecos distantes criavam um ambiente quase irreal. Pararam diante de uma porta selada com cinco símbolos entrelaçados — os antigos emblemas dos arquimagos fundadores.
"Este lugar não é ensinado aos aprendizes." — disse Kaelya. — "Nem sequer aos instrutores comuns."
Com um gesto arcano, ela rompeu o selo. A porta se abriu rangendo, revelando um pequeno salão circular. No centro, uma estrutura de cristal negro envolvia um pedestal vazio.
"Este é o Véu da Sentença. Ele reconhece fragmentos de verdade deixados pelas emoções."
James estreitou os olhos. "E por que me trouxe aqui?"
"Porque quero que veja... o que Verran viu antes de ser atacado."
Ela estendeu a mão sobre o pedestal e, de seu anel, caiu uma gota de sangue sobre o cristal. A sala se encheu de luz, e uma imagem se formou: Verran, escondido entre as estantes, observando dois magos trocando documentos cobertos por runas do Círculo Proibido. Um deles usava uma máscara prateada. O outro...
James deu um passo à frente, a respiração presa.
"É ele."
Kaelya assentiu. "Um dos mestres conselheiros da torre. E ele está contra você."