O dia seguinte amanheceu com o céu coberto por nuvens espessas. O pátio principal da Torre de Essência, geralmente reservado para cerimônias formais, havia sido isolado. No centro, dois círculos de proteção mágica foram desenhados — runas antigas cintilavam em dourado no chão. Vários aprendizes e mestres estavam reunidos nas arquibancadas de pedra, murmurando entre si.
James ajustava os braceletes de couro que Kaelya lhe entregara antes do confronto. Eram reforçados com encantamentos defensivos, mas ele sabia que depender daquilo seria tolice.
Rhogar se aproximou, olhando ao redor com desprezo contido.
"A maioria só veio pra te ver cair. Isso ajuda."
"Ajuda como?" — James perguntou, enquanto estalava os dedos.
"Ajuda a não esquecer quem você tem que superar."
Do outro lado do círculo, uma figura trajada com uma capa negra e o brasão da Guilda do Norte surgiu. Era Alric Thorne, um dos magos de elite da Torre, conhecido tanto por seu domínio das magias de bloqueio quanto por sua lealdade cega aos Vellmont.
Os murmúrios aumentaram. Muitos se lembravam do confronto entre Alric e James, meses atrás — quando o jovem ainda mal compreendia seu poder e foi lançado contra os muros da guilda como um trapo.
Alric tirou a capa, revelando um traje de combate enfeitiçado. Seus olhos estavam cravados em James, frios e rancorosos.
"Não esperava que estivesse de pé de novo, Hunter." — disse, com um sorriso enviesado. — "Mas é bom. Posso terminar o que comecei."
James não respondeu. Respirava fundo, sentindo o Coração pulsar devagar. Controlado. Rente à pele, não à emoção.
Kaelya, ao lado de Rhogar, anunciou com voz firme:
"Confronto autorizado pela Torre de Essência. Nenhuma morte será permitida. Início ao sinal."
As runas brilharam. O silêncio caiu. E então — o som de um trovão.
O embate começou.
Alric lançou três selos de contenção em sequência. James girou o corpo, desviando o primeiro, que explodiu contra o chão. O segundo o envolveu por um instante, mas ele conjurou uma lâmina de vento e cortou o selo antes que o feitiço se completasse. O terceiro selo, mais veloz, atingiu sua perna esquerda.
James cambaleou. O chão se abriu sob seus pés, como uma prisão mágica emergente. Alric avançou, conjurando correntes de éter azul para imobilizá-lo.
"Não é assim que se domina um poder amaldiçoado!" — gritou Alric. — "Você é só um tolo com uma arma que vai matá-lo!"
James fechou os olhos. Sentiu o Coração de Myrkanis tremer. Mas não se entregou à raiva.
"Você não entende o que isso significa…" — murmurou.
E então, com um gesto, deixou o Coração pulsar em harmonia com a Essência ao redor.
As correntes se despedaçaram.
James avançou. Desviou da investida de Alric, canalizou terra sob os pés e saltou — o punho envolto em chamas negras.
O impacto arremessou Alric para trás, quebrando as defesas mágicas que o protegiam.
O silêncio foi absoluto.
James se ergueu, arfando.
"Não vou cair de novo." — disse, com a voz firme, mas não agressiva. — "Porque agora eu não luto por vingança. Luto para entender… e para proteger."
Rhogar sorriu. Kaelya assentiu, sem dizer uma palavra.
E, pela primeira vez, os olhos da Torre olharam para James não com desdém — mas com dúvida. E respeito.