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Chapter 16 - Academia Valmor

Leonard Everhart

O sol já estava alto no céu quando a carroça finalmente parou, me arrancando do sono leve em que eu havia caído durante a viagem. Pisquei algumas vezes, tentando afastar a sonolência, e espreguicei os braços antes de olhar ao redor.

Eu já havia chegado na capital do Reino de Albion, a cidade de Elyndor e diante mim está, imponente e grandiosa, estava a Academia de Valmor.

O prédio principal era uma fortaleza de conhecimento e poder. Feito de pedra branca e cinza, suas torres subiam majestosamente contra o céu azul, imponentes e intimidadoras. Bandeiras tremulavam no alto de cada torre, com o brasão da academia gravado em dourado sobre o fundo azul. As inúmeras janelas refletiam a luz do sol, fazendo com que a construção parecesse brilhar à distância.

O portão principal era feito de ferro negro, com intrincados detalhes prateados que lembravam espirais de vento e relâmpagos cruzando o metal. Além do portão, um vasto pátio se estendia à frente da academia, pavimentado com pedras lisas de tons acinzentados. Jardins bem-cuidados cercavam o caminho principal, com canteiros simétricos de flores vibrantes e arbustos meticulosamente podados. Caminhos de pedra se estendiam, conectando os diversos edifícios que compunham o complexo acadêmico.

A visão era impressionante. Um local verdadeiramente digno de treinar futuros magos e guerreiros de elite.

Enquanto eu tentava absorver toda a grandiosidade do lugar, o cocheiro desceu da carroça e veio até a porta, abrindo-a com um gesto respeitoso.

"Jovem mestre, chegamos à Academia de Valmor."

Demorei um segundo para reagir antes de pegar minha mala e descer da carroça.

"Tudo bem."

O cocheiro me lançou um olhar amigável e acenou.

"Até as férias de verão, jovem mestre."

Com isso, ele subiu de volta na carruagem, estalou as rédeas e partiu. Fiquei observando até que a carruagem desaparecesse no horizonte, deixando para trás apenas o som abafado das rodas se afastando pela estrada de pedra.

Agora, era oficial. Eu estava na Academia de Valmor.

Olhei ao redor, tentando me acostumar com o ambiente. O pátio estava movimentado, com diversos alunos circulando. Alguns carregavam pilhas de livros nos braços, enquanto outros conversavam em grupos animados. Vi alguns treinando feitiços no canto do pátio, pequenas faíscas de magia brilhavam no ar enquanto praticavam.

Enquanto eu tentava absorver toda a grandiosidade do lugar, um garoto um pouco mais velho do que eu se aproximou. Ele vestia uma camisa branca impecável e tinha um ar confiante, mas amigável. Seus cabelos castanhos eram bem alinhados, com fios levemente ondulados caindo até pouco acima dos olhos, que também eram castanhos e transmitiam uma certa tranquilidade.

"Você deve ser Leonard Everhart, do primeiro ano, certo?"

"Sim. E você é...?"

"Jeffrey Haetes, aluno do segundo ano. Vou te mostrar o dormitório e as instalações de Valmor."

"Ah, certo. Obrigado."

Ele assentiu e começou a caminhar, gesticulando enquanto me guiava pelo campus.

"Aqui será sua sala de aula." Ele apontou para uma porta de madeira robusta marcada com o número "2". "Todas as suas aulas teóricas acontecerão aqui."

Dei uma olhada rápida pela porta entreaberta e vi fileiras de carteiras bem organizadas, um grande quadro negro e um professor conversando com alguns alunos.

Seguimos adiante, e logo paramos diante de um enorme prédio de pedra clara, sustentado por colunas imponentes.

"Esta é a Biblioteca de Falken. Uma das maiores do reino."

Olhei para dentro e fiquei impressionado. Estantes gigantescas se estendiam até o teto, repletas de livros de todos os tamanhos e cores. Algumas tinham escadas móveis para alcançar os volumes mais altos. O ar era impregnado pelo cheiro de pergaminho antigo, e o silêncio solene do lugar dava uma sensação de respeito e reverência.

"Parece um ótimo lugar para estudar."

"É mesmo. Alguns alunos passam dias aqui sem sair." Jeffrey riu. "Mas vamos continuar."

Depois de mais alguns minutos de caminhada, chegamos a um campo de treinamento ao ar livre. O solo era firme e bem batido, com algumas áreas de grama e algumas árvores espalhadas ao redor. Algumas marcas no chão indicavam que já haviam acontecido muitos duelos ali.

"Este é o campo de treinamento prático. Vai passar bastante tempo aqui."

Eu já estava ansioso para testar minhas habilidades nesse lugar.

Logo depois, seguimos para um grande edifício de dois andares, de onde vinha um leve aroma de comida recém-preparada.

"Aqui é o refeitório. Você fará todas as suas refeições aqui."

Observei as mesas longas e organizadas em fileiras, algumas já ocupadas por alunos que comiam e conversavam ao mesmo tempo.

Por fim, seguimos para os dormitórios. No caminho, passamos por duas placas:

"Dormitório Preto Masculino" → à frente.

"Dormitório Preto Feminino" → à direita.

Naturalmente, seguimos em direção ao dormitório masculino. O prédio era grande e bem organizado, com corredores longos e portas numeradas. Passamos pela porta "1", depois "2", "3", até que Jeffrey parou diante da porta "5".

"Este é o seu quarto, Leonard. Pode entrar e guardar suas coisas."

"Ah… Certo. Obrigado."

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele já estava indo embora.

Girei a maçaneta e entrei. O quarto era simples, mas espaçoso. Duas camas estavam posicionadas uma de cada lado, e sobre a da esquerda, havia uma mala aberta.

Parece que já tenho um colega de quarto.

Antes que eu pudesse pensar muito sobre isso, uma voz me chamou.

"Desculpe, mas essa cama já é minha."

Me virei e vi um garoto de cabelos brancos, ainda úmidos, presos em um pequeno rabo de cavalo na parte de trás. Ele parecia ter acabado de tomar banho.

Sua roupa era diferente da que eu estava acostumado a ver. Ele tinha olhos vermelhos e vestia um quimono escuro, com detalhes em azul discreto. A faixa ao redor da cintura estava bem amarrada, e a forma como o tecido se ajustava ao seu corpo mostrava que ele estava acostumado com esse tipo de vestimenta.

"Ah… Eu só fiquei surpreso que já havia alguém aqui."

"Está tudo bem. Não estou te julgando."

Decidi estender a mão para cumprimentá-lo.

"Meu nome é Leonard Everhart."

Ele segurou minha mão com firmeza e assentiu.

"Prazer te conhecer, Leonard. Meu nome é Kazehara Renjiro."

"Kazehara Renjiro…?"

"Kazehara é meu sobrenome. Meu nome é Renjiro."

Fiz uma pausa.

"Seu sobrenome vem antes do nome?"

Ele riu de leve.

"Sim. É um costume de onde eu venho."

"Entendi…"

Deixei minha mala ao lado da cama e fui tomar banho. A viagem tinha sido longa, e um banho quente era exatamente o que eu precisava.

Depois de me trocar, me joguei na cama, sentindo o cansaço finalmente me alcançar.

Fechei os olhos.

Poucos minutos depois, já estava dormindo.

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