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first night of humanity

miguel_pereira_9354
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Synopsis
No one knows exactly when it began. Maybe it was the moment the sky split in two. Or when the black rain started to fall, thick, oily, alive. What is certain is that on that night, the world changed forever. The sun vanished without warning. In its place, a heavy darkness blanketed the Earth, swallowing cities, forests, and oceans beneath a veil no human light could penetrate. It was as if the planet had stopped spinning. As if the universe had simply forgotten us. Then came the rain. It wasn’t water. What poured from the sky that night looked like clotted blood, or oil mixed with something far worse. It was something no one had ever seen before. Wherever it touched, life changed. Animals went mad. Plants grew into grotesque forms. And people... not all of them remained people. That night, humanity lost its place. We were no longer the apex predator. The planet no longer belonged to us. Now, it’s no longer about survival. It’s about reclamation. The cities are lost. Borders are meaningless. And every shadow might be your last. This is no longer humanity’s Earth. But it can be again.
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Chapter 1 - The Black Mountain

A milhões de anos-luz da Terra, perto de uma das luas de Marte, o espaço se abriu com força violenta. Uma fenda colossal surgiu sem aviso, vasta o suficiente para engolir o planeta vermelho por inteiro. De suas profundezas, algo começou a emergir, lenta e deliberadamente.

Uma rocha. Negra como o vazio. Tão grande quanto uma montanha.

Por um breve momento, pareceu que a ruptura devoraria tudo. Mas, tão repentinamente quanto surgiu, ela se fechou. O cosmos retornou à quietude, aparentemente intocado.

A rocha, invisível na escuridão do espaço devido à sua superfície negra e impenetrável, começou a se mover com uma precisão assustadora. Não estava à deriva. Tinha um curso.

Seu destino: um planeta azul, não muito longe.

Três meses depois

Dentro de um laboratório de pesquisa astronômica de alta tecnologia na cidade de Vester, o caos reinava.

Cientistas se moviam freneticamente entre as estações, analisando dados em tempo real, gritando pela sala e se conectando com laboratórios ao redor do mundo. Telas piscavam com cálculos orbitais e modelos preditivos, a maioria dos quais mostrava o mesmo resultado.

No centro da tempestade estava Arthur Marcos, o chefe da instalação. Três dias antes, ele havia sido um dos primeiros a detectar a anomalia: um asteroide enorme, logo apelidado de Montanha Negra, com aproximadamente o tamanho do Monte Everest, viajando a uma velocidade que desafiava qualquer explicação natural.

Nas últimas quarenta e oito horas, Arthur e sua equipe trabalharam sem dormir, executando todas as simulações possíveis. Eles esperavam uma margem de erro. Mesmo que fosse um único resquício de esperança.

Mas os dados permaneceram implacáveis.

O impacto era inevitável. Nove dias no máximo. Cem por cento de certeza.

Extinção.

Arthur recostou-se na cadeira, com os olhos fixos no teto. Seu celular vibrava sem parar em sua mão, a tela piscando com ligações de colegas, agências e funcionários desesperados. Ele não atendeu nenhuma delas.

O ruído ao redor — monitores, alarmes, vozes — desapareceu num zumbido baixo e distante. Em sua mente, o fim já havia chegado. O que restava agora era apenas a certeza silenciosa e paralisante do que estava prestes a acontecer.

Então uma lembrança veio à tona.

Ele olhou para o telefone e começou a discar.

Ele se levantou e tirou o jaleco. Qualquer que fosse o seu papel como cientista, ele já havia terminado. A ciência não podia mais ajudar.

Só faltava encarar o inevitável e resolver os capítulos inacabados da sua vida.

Em algum lugar distante

Uma mulher dormia em um beco escuro, encolhida sobre um pedaço de papelão. Seu corpo estava coberto de sujeira, e o ar frio da noite a fazia tremer incontrolavelmente durante o sono.

Uma cicatriz do tamanho de uma mão cobria um lado do seu rosto, obscurecendo completamente um dos seus olhos. Embora a queimadura fosse antiga, ela dizia que a dor nunca passou de verdade. Nem por um único dia.

Mas ninguém nunca perguntou. E, se os médicos acreditassem, ela não viveria o suficiente para responder.

Um mês, se ela tivesse sorte.

O nome dela era Selena. Uma garota de cabelos negros, desaparecendo nas fendas de um mundo que há muito a havia esquecido.

Oito dias depois

Um homem estava sentado perto da janela de seu apartamento, observando a cidade mergulhar na loucura.

Pessoas corriam pelas ruas. Incêndios grassavam ao longe. Helicópteros militares sobrevoavam, com destinos desconhecidos.

O nome dele era Trevor. Ele deu uma longa tragada no cigarro e olhou através da fumaça com algo parecido com contentamento.

Uma semana antes, na manhã seguinte à festa de fim de ano da empresa, Trevor fora chamado ao hospital. O médico dera a notícia diretamente: um problema cardíaco incurável. Ele tinha, no máximo, três semanas de vida.

A maioria das pessoas teria interpretado isso como um chamado para lutar. Para se conectar com a família, encontrar conforto, fazer as pazes com o tempo que lhes restava.

Trevor não era a maioria das pessoas.

Ele já se sentia morto muito antes do diagnóstico. A notícia apenas confirmou o que ele já acreditava.

Em vez de se esforçar, ele optou por esperar. Gastou o restante das economias em um console que sempre sonhou em ter e se trancou lá por uma semana, finalmente jogando os jogos que passou a vida inteira sem poder pagar.

E então aconteceu algo que pareceu uma comédia divina.

O governo fez um anúncio: um asteroide que destruiria o mundo estava se dirigindo à Terra.

A Montanha Negra.

Isso mataria tudo.

Trevor não sentiu medo. Sentiu alívio. O mundo também estava morrendo. Ele não estaria sozinho.

Pela primeira vez em anos, ele se sentiu visto. Não era mais o único estranho. Apenas um entre bilhões que desapareceriam juntos.

O cigarro nunca teve um sabor melhor.

Até a morte parecia gentil.

Ao olhar para cima, ele viu. Uma enorme forma negra pairando no céu. Horas após o impacto, a Montanha Negra tornara-se visível a olho nu. Ninguém podia negar isso agora.

E ainda assim, bem no fundo dele, algo ainda resistia.

Terror.

Seu coração debilitado disparou com uma força inesperada. A dor se espalhou pelo seu peito como fogo. O suor escorria pelo seu corpo. Suas pernas cederam.

Ele se agarrou ao batente da janela, tremendo, com um sorriso amargo se formando em seu rosto.

Claro. Que sorte a dele.

Afinal, ele morreria sozinho, em dor, antes mesmo que o fim chegasse. O mundo se acabaria junto, mas ele não. Ele ainda seria uma exceção.

Talvez realmente não tenha havido misericórdia.

Antes que pudesse falar, seu corpo desabou. Sua boca não abria. Seus membros se recusavam a se mover.

Seus batimentos cardíacos diminuíram.

A dor diminuiu.

E o mundo ao redor dele ficou escuro.

Trevor perdeu a consciência.