A Taverna Eterna fervilhava com sua habitual harmonia caótica, o ar carregado com o aroma de hidromel temperado, carne assada e o leve odor de magia. As runas nas paredes brilhavam em um âmbar constante, seu pulso era uma batida de coração sincronizada com o ritmo animado da taverna. Elias Varn se encostou no balcão, seus olhos esmeralda examinando a multidão com uma facilidade praticada que mascarava a tempestade em sua mente. A revelação da Câmara — de que o Espectro das Sombras servia ao Panteão Esquecido — aumentara as apostas. Alguém em sua taverna era um invocador, um mestre de marionetes manipulando os cordelinhos dos deuses exilados, e o relógio do Sistema de Vitalidade estava correndo.
Ping!
O sinal sonoro do sistema ecoou em sua cabeça, e uma tela translúcida apareceu, com letras douradas nítidas e insistentes.
Sistema de Vitalidade: Progresso de Objetivo Bônus.
Objetivo: Identificar o invocador do Espectro das Sombras em até 18 horas. Recompensa: +20 Pontos de Vitalidade.
Penalidade por Falha: -100 Pontos de Vitalidade.
Vitalidade Atual: 320/500.
Dica Adicional: A marca do invocador está oculta, mas pode ser detectada por meio de interação próxima.
Elias apertou o maxilar. Dezoito horas para encontrar uma agulha num palheiro, e a penalidade poderia lhe poupar semanas de vida. A dica sobre uma "marca de invocador" era nova — provavelmente uma assinatura mágica ou característica física, mas verificar cada cliente de perto sem levantar suspeitas seria um desafio. Seu olhar se voltou para Drenvar, o homem encapuzado com olhos ferozes, ainda sentado no canto. A aura do homem era muito controlada, muito deliberada, como a de um predador esperando o momento certo para atacar. Mas Elias não tinha provas — ainda.
Ele se afastou do balcão, pegou uma bandeja de cervejas brilhantes e abriu caminho pela multidão com seu carisma habitual. "Bebam, pessoal!", gritou, com uma voz tão calorosa que tranquilizou os clientes. "A noite é uma criança, e as histórias estão apenas começando!"
Os mercenários aplaudiram, Gorran batendo o punho na mesa. "A Elias, o matador de espectros!" rugiu ele, erguendo a caneca. Os outros o seguiram, suas risadas sacudindo as vigas. Lirien, a elfa, ergueu os olhos do livro, um leve sorriso repuxando seus lábios. Kaelith, empoleirada em um banquinho com as asas dobradas, revirou os olhos, mas se juntou ao brinde. Até Taz, o goblin, ergueu seu pequeno copo a contragosto, resmungando sobre poções caras.
Elias aproveitou o momento para se aproximar da mesa de Drenvar e colocar uma cerveja fresca à sua frente. "Por conta da casa", disse ele, com um sorriso irônico. "Parece que você precisa disso, viajante."
Os olhos ardentes de Drenvar encontraram os dele, sem piscar. "Generoso da sua parte", disse ele, com a voz grave e um tom de divertimento. "Mas eu não gosto de esmolas."
Elias inclinou-se ligeiramente, testando a dica sobre interação próxima. "Sem esmolas. Só bons negócios. Clientes felizes voltam." Ele se concentrou, deixando seus sentidos — aguçados por anos de domínio do poder da taverna — sondarem a aura de Drenvar. Era como tocar uma fornalha: intenso, controlado, mas sem nenhum traço da energia vazia ligada ao espectro. Se Drenvar era o invocador, ele estava escondendo bem.
O homem pegou a cerveja, seus dedos roçando os de Elias por um instante. Nenhuma marca, nenhuma centelha de magia oculta. Apenas a pulsação mais tênue de algo antigo, como o eco de uma estrela moribunda. "Você não é o que parece, Varn", disse Drenvar, em um tom quase brincalhão. "Mas eu também não sou."
O sorriso de Elias não vacilou, mas sua mente disparou. Um desafio? Uma confissão? Ele a guardou, endireitando-se. "Fique por aqui, Drenvar. As coisas ficam interessantes por aqui."
Quando ele voltou para o balcão, Kaelith o segurou pelo braço. "Você está cutucando um ninho de dragão com esse aí", sussurrou ela, com as asas se contraindo. "Ele não é um viajante comum. A Guilda do Céu ouviu rumores — alguém com olhos como os dele foi visto perto de uma fenda no mês passado."
Elias ergueu uma sobrancelha. "Uma fenda? Onde?"
"Estéreis do Norte", disse ela, em voz baixa. "Uma fenda nos reinos, expelindo criaturas do vazio. Não espectros, mas quase. A guilda acha que alguém os está abrindo de propósito."
O Panteão Esquecido. Elias sentiu um nó no estômago. Fendas eram seu cartão de visita, portais para reinos por onde deuses exilados podiam passar. Se Drenvar estivesse ligado a elas, ele poderia ser o invocador — ou um batedor em busca de algo pior. "Fique de ouvidos abertos", disse ele a Kaelith. "Se surgir alguma outra coisa, me avise."
Ela assentiu, com uma expressão séria. "Cuidado, Elias. Você é durão, mas nem você consegue lutar contra deuses sozinho."
Ele riu baixinho, disfarçando a dor no peito. "Quem falou em ficar sozinho?"
A noite avançava, e Elias trabalhava no salão, servindo bebidas e trocando gracejos enquanto sondava sutilmente cada cliente. Os mercenários estavam limpos — barulhentos demais para esconder a marca de um invocador. A aura de Lirien era pura arcana, sem mácula do vazio. Taz era um incômodo, mas seu mana era caótico, não malicioso. Ainda assim, ninguém se destacava como invocador, e o tempo do sistema estava passando.
Ping!
Sistema de Vitalidade: Missão Opcional Disponível! Missão: "O Marcado".
Objetivo: Usar o [Fragmento do Vazio] para detectar a marca do invocador.
Recompensa: +15 Pontos de Vitalidade, [Intuição Tocada pelo Vazio].
Custo: -10 Pontos de Vitalidade para ativar o fragmento.
Aceitar? [S/N]
Elias hesitou. O fragmento era perigoso, sua energia instável. Usá-lo poderia revelar o invocador, mas também atrairia mais criaturas do vazio para a taverna. Ainda assim, com o tempo se esgotando, ele tinha pouca escolha. Selecionou mentalmente Y , estremecendo enquanto o sistema deduzia os pontos.
Vitalidade atual: 310/500.
Ele se esgueirou para a sala dos fundos, um pequeno espaço repleto de barris e prateleiras de ingredientes encantados. Fechando os olhos, invocou o [Fragmento do Vazio] de seu inventário. Ele se materializou em sua mão — um fragmento irregular de escuridão que pulsava com uma energia fria e faminta. Ele se concentrou, canalizando um fragmento de seu poder para ele. O fragmento vibrou e um leve zumbido preencheu o ar, como o sussurro de uma tempestade distante.
Elias retornou à sala principal, com o fragmento escondido na palma da mão. Atravessou a multidão, deixando o fragmento guiá-lo. Pulsava levemente perto dos mercenários, mais forte perto de Lirien, mas nada definitivo. Então, ao passar por uma mesa com novos clientes — um trio de figuras encapuzadas que haviam chegado durante a luta dos espectros —, o fragmento flamejou, queimando sua mão com uma ferroada aguda e gélida.
Ele parou, com um sorriso casual, mas os sentidos alertas. O trio era composto por dois homens e uma mulher, com os rostos parcialmente ocultos por capuzes. Suas auras eram apagadas, como a do espectro, mas não vazias. Um homem, magro e com uma cicatriz na bochecha, encontrou o olhar de Elias e rapidamente desviou o olhar. As mãos da mulher se remexeram, seus dedos traçando uma runa tênue em seu pulso — uma marca?
"Boa noite", disse Elias, colocando uma jarra de cerveja na mesa. "Caras novas, hein? De onde vocês são?"
O homem com cicatrizes resmungou: "Bem ao sul. Só de passagem."
"O sul é longe", disse Elias, aproximando-se. O fragmento pulsou novamente, mais forte. "Tem alguma história para compartilhar? Adoramos uma boa história aqui."
Os olhos da mulher se voltaram para o homem marcado, um aviso silencioso. "Nada que valha a pena contar", disse ela, com a voz tensa.
O sorriso de Elias se alargou. "Todo mundo tem uma história." Ele deixou seu poder se manifestar sutilmente, as cicatrizes em seus braços brilhando fracamente. A terceira figura, silenciosa até então, estremeceu, e o fragmento queimou ainda mais. Bingo.
Antes que pudesse agir, as runas da taverna brilharam em vermelho, e um estrondo baixo sacudiu o chão. A multidão silenciou, com os olhos fixos nas paredes. O coração de Elias afundou. Outro ataque? Ele girou em direção à porta quando ela se abriu, revelando uma figura envolta em sombras — não um espectro, mas algo maior, de forma humanoide, porém retorcida, com olhos como buracos negros.
Ping!
Sistema de Vitalidade: Alerta de Emergência! Ameaça Detectada: Executor Nascido do Vazio.
Habilidades: Manipulação de Sombras, Aprimoramento Físico, Amplificação de Marca.
Ação Recomendada: Proteja a taverna a todo custo.
Recompensa: +30 Pontos de Vitalidade, [Núcleo do Executor].
Penalidade: -200 Pontos de Vitalidade se a taverna for danificada.
Elias praguejou baixinho. Um Executor Nascido do Vazio não era uma ameaça menor — era um tenente do vazio, provavelmente atraído pela ativação do fragmento. O trio à mesa se levantou, suas capas caindo, revelando runas tatuadas em sua pele — marcas de invocador. Eles não eram apenas clientes; eram uma célula, trabalhando juntos.
"Fiquem abaixados!" Elias gritou para a multidão, pulando em cima de uma mesa. O executor rugiu, seus tentáculos de sombra se projetando, estilhaçando um lustre. Elias ergueu a mão, suas cicatrizes flamejantes, e liberou uma onda de luz estelar que empurrou a criatura para trás. A taverna tremeu, mas as runas resistiram, absorvendo o impacto.
O homem marcado pela cicatriz sacou uma adaga, cuja lâmina brilhava com energia do vazio. "Você não pode impedir a Desvinculação!", rosnou ele, investindo contra Elias. Kaelith o interceptou, abrindo as asas enquanto o derrubava no chão. Lirien entoou um cântico, formando uma barreira de luz ao redor dos clientes. Drenvar, ainda sentado, observava com um sorriso fraco, os olhos flamejantes brilhando.
Elias concentrou-se no executor, cuja forma maciça rasgava mesas. Ele canalizou seu poder, formando uma lança de luz que perfurou seu peito. A criatura gritou, seu corpo se dissolvendo em fumaça, mas não antes de um tentáculo roçar o braço de Elias, drenando outros 10 Pontos de Vitalidade.
Vitalidade atual: 300/500.
O trio fugiu, passando por um portal que se fechou atrás deles. Elias não os perseguiu — não podia, não com a taverna em risco. As runas se apagaram e a multidão suspirou, abalada, mas ilesa.
Ping!
Sistema de Vitalidade: Missão Cumprida! Executor Nascido do Vazio Neutralizado.
Recompensas: +30 Pontos de Vitalidade, [Núcleo do Executor].
Integridade da Taverna Mantida.
Vitalidade Atual: 330/500.
Progresso do Objetivo Bônus: Identidade do Invocador parcialmente confirmada.
Continue a investigação para obter a recompensa completa.
Elias desabou sobre um banquinho, com o peito arfando. A taverna estava segura, mas os invocadores haviam escapado, e a sombra do Panteão Esquecido se agigantava. Ele olhou para Drenvar, que ergueu o copo em um brinde silencioso. Amigo ou inimigo, o homem fazia parte daquele jogo.
Enquanto Mira e os clientes começavam a limpar, Elias se serviu de uma bebida, já planejando o próximo passo. A noite ainda não havia acabado, e a briga também não.
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